Primeiramente,
podemos começar com um questionamento: O que acontece quando um diagnóstico na
Atenção Básica tem necessidade de exames laboratoriais? Bem, claro que isso foi
algo premeditado pela organização do SUS. O problema era: Como dispor da infinidade
de exames existentes para as mais variadas patologias e distribuí-los em rede
nacional com o menor custo possível? Para falarmos sobre isto, temos que saber
que os Exames Laboratoriais foram dividos em 4 grupos: A, B, C e D e os
Laboratórios em I, II, III ou Misto. Cada tipo de exame, atendia à necessidade de
uma Atenção do SUS (Básica, de Média Complexidade e de Alta Complexidade) e
cada tipo de laboratório buscaria atender a uma certa demanda populacional.
Vamos esclarecer mais esse fato com dois casos comuns que se iniciam nas
Unidades Básicas de Saúde:
João
Paulo, 19 anos, foi à UBS fazer exames rotineiros, e levantou na anamnese que
havia aumentado consideravelmente o numero de vezes que necessitava urinar e
consequentemente a sede excessiva, mas em sua cabeça João Paulo não sabia qual
explicava qual. Além disso, constatou a perda de peso sem motivo aparente. Dr. Assis
passou os exames de rotina para João Paulo e pediu para que fizesse o teste de
Glicemia na prórpia UBS e voltasse com o resultado. Após a realização do Exame
pertencente ao Grupo A em um laboratório tipo I, o médico constatou a
quantidade ligeiramente elevada de glicose no sangue de João Paulo e recomendou
a ele um teste de Hemoglobina Glicada. Apesar de esse segundo teste ter
material colhido e preparado em um Laboratório tipo I, ele foi encaminhado e realizado
em um Laboratório tipo II, que atende a médiacomplexidade e abrange uma
população de 25.000 a 50.000 habitantes, esses laboratórios são mais
automatizados e visam exames que ocorrem com menor frequência, normalmente,
visando a confirmação de diagnósticos. O teste de Hemoglobina Glicada é um
exame do Grupo B, que representa um segundo nível de apoio diagnóstico e ocorre
com menos frequência do que o grupo A. Após a confirmação da Glicose elevada
nos últimos meses, Dr. Assis passou para João Paulo um exame de Anticorpos
Anti-insulina, afim de descobrir qual tipo de Diabetes ele possuia. O exame,
novamente, colhido em um laboratório tipo I, preparado e encaminhando a um Laboratório
tipo III, esse possui abrangência regional/estadual e atende a uma população de
mais de 50.000 habitantes, eles possuem um maior e mais custoso aparato
tecnológico e atendem a atenção de altacomplexidade. O teste de anticorpos Anti-insulina é um
exame do Grupo C, exames que visam uma investigação diagnóstica detalhada ou
acompanhamento clínico do paciente. João Paulo foi diagnosticado com diabetes
tipo I que hoje encontra-se controlada graças administração de doses de
insulina.
Com
essa estruturação, o SUS buscou atender as mais variadas necessidades do
brasileiro, mas ficamos com o questionamento: Porque, mesmo com toda a
aparelhagem dos laboratórios e o atendimento nos três níveis de complexidade do
sistema de saúde, o brasileiro ainda procura os Planos de saúde ou paga do
próprio bolso os exames laboratoriais?
Referências:
Manual de Apoio a Gestores do SUS - http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_apoio_gestores.pdf
Demais referências em sites: