Três são os poderes que
constituem o Estado, três é a referência na bíblia cristã para a Santíssima Trindade,
três são os grandes desuses hindus, três
anéis para os reis elfos sob este céu, três dimensões, três sobrinhos do Pato
Donald , três porquinhos, três niveis de
Atenção no SUS. Na numerologia cabalística, três é o número da perfeição e da
harmonia, não sei se coincidenetemente, mas acredito que não, em três níveis de
complexidade ocorre a organização do SSU: Atenção Básica, Atenção de Média
Complexidade e Atenção de Alta Complexidade.
·
Atenção Básica ou de Baixa Complexidade:
Referente à porta de entrada do SUS, não requer atendimento especializado e o
paciente é atendido por profissionais generalistas, esses tentaram definir um
diagnóstico e tratamento ainda nessa atenção se possível. Caso não seja, o
paciente sofrerá uma triagem e encaminhamento para os demais níveis de atenção.
Ainda na atenção básica se encontram as estratégias de prevenção de doenças.
·
Atenção de Média Complexidade: Referente
a Urgência e emergência, ao atendimento que requer profissionais especializados
e ao atendimento ambulatorial e suas pequenas cirurgias. Nela muito dos
procedimentos são eletivos.
·
Atenção de Alta Complexidade: é a atenção
que exige uma maior especialização dos profissionais, bem como uma maior
estruturação do local de atendimento e, consequentemente, mais custos ao
Estado. São as cirurgias, internações, tratamentos oncológicos, transplantes de
órgão, entre outros, e normalmente se encontra em grandes centros hospitalares.
Vamos
esclarecer melhor isso com os seguintes casos:
Érica, 32
anos, há dois anos era acompanhada no Posto de saúde próximo à sua casa por Dr.
Assis. Frequentemente se queixava de
febre, dor no corpo, mal estar. Por muitos anos, Dr. Assis diagnósticou esses
males como viroses ou resfriados. No último ano, ao pedir seus exames
periódicos, Érica apresentou suas taxas no exame de Lipidrograma Total elevadas (exame da Modalidade A, embora
pertencente à Mèdia complexidade e realizados em Laboratórios do Tipo I – ver post
anterior). Mais recentemente, embora com alimentação mais regrada, Érica veio
ao Dr. Assis queixando-se de Dores no estômago e nas articulações. Após uma
endoscopia com resultado positivo para úlcera na mulcosa gástrica, e passar a
levar em consideração como sintoma o rubor da pele clara de Érica, Dr. Assis
pediu alguns exames de anticorpos (Exames de Modalidade C pertencentes à Média
Complexidade e realizadas em laboratórios do tipo III). Ao receber o resultado
dos exames e verificar às alterações, Dr. Assis encaminhou Érica à uma unidade
de Média Complexidade onde ela passaria a ser acompanhada por um Reumatologista
sob suspeita de Lúpus.
Flávio, 17
anos, chegou acompanhado da mãe em uma unidade de emergência, unidade de média
complexidade, a cinco dias apresentava febre alta, dores no corpo, vômitos, que
foi confundido pela mãe com uma forte virose. Naquela tarde em que foi à
emergência, havia apresentado tontura e desmaiado. O médico de plantão
verificou uma desidratação e passou a administrar soro em Flávio, durante o
exame físico, Flávio desfaleceu novamente e o médico verificou uma grande queda
de pressão, com ações tomadas no ímpeto que o momento exigia, a pressão foi
estabilizada e exames sorológicos para dengue foram pedidos (Exame de Grupo A
realizado em laboratório tipo I na média complexidade) e exames de Contagem plaquetária.
Antes mesmo de sair os resultados dos exames, Flávio passou a integrar a Alta
complexidade do SUS ao ser internado em uma UTI. Durante a noite, Flávio
apresentou inquietação, palidez e uma nova queda de pressão e, apesar da
administração de plaquetas pela equipe médica, ao anoitecer Flávio entrou em Síndrome
de choque da Dengue. Na manhã do dia seguinte, já não integrava mais algum
nível de complexidade no SUS, era mais um nas estatísticas.
Georgia, 47
anos, sexualmente ativa, sem parceiro fixo,
frequentadora pouco assídua das consultas ao Ginecologista (pertencente
à média complexidade), resolveu, por muita pressão da amiga e de um sangramento
vaginal incomum, ir fazer sua prevenção no Hospital da Mulher de sua cidade. Após
colhimento de material e envio para um exame histopatológico (Modalidade A,
Laboratório tipo I). Georgia recebeu o baque de possuir a quarta maior causa de
mortes femininas por doenças: Câncer de Colo do ùtero. Imediatamente, Georgia
foi encaminhada à um Oncologista, pertendente à média complexidade, e teve seu
tratamento e acompanhamento realizado por ele na Alta complexidade, devido aos
altos custo que as drogas anticâncer têm. Georgia não ficou desamparada, teve o
apoio da família, de amigos e do SUS, que ofereceu-lhe um psicólogo para
acompanhamento.
Espero que com
essas ilustrações tenha ficado claro a relação que há entre os diferentes
niveis de complexidade no SUS e como, embora pertençam a níveis diferentes, os
exames podem ser pedidos a qualquer momento, a fim de chegar ao diagnóstico e
realocar o paciente dentro do sistema de saúde para onde ele pode ser melhor
tratado.