quinta-feira, 26 de junho de 2014

Baixa, Média, Alta

Três são os poderes que constituem o Estado, três é a referência na bíblia cristã para a Santíssima Trindade, três são  os grandes desuses hindus, três anéis para os reis elfos sob este céu, três dimensões, três sobrinhos do Pato Donald , três porquinhos,  três niveis de Atenção no SUS. Na numerologia cabalística, três é o número da perfeição e da harmonia, não sei se coincidenetemente, mas acredito que não, em três níveis de complexidade ocorre a organização do SSU: Atenção Básica, Atenção de Média Complexidade e Atenção de Alta Complexidade.

·         Atenção Básica ou de Baixa Complexidade: Referente à porta de entrada do SUS, não requer atendimento especializado e o paciente é atendido por profissionais generalistas, esses tentaram definir um diagnóstico e tratamento ainda nessa atenção se possível. Caso não seja, o paciente sofrerá uma triagem e encaminhamento para os demais níveis de atenção. Ainda na atenção básica se encontram as estratégias de prevenção de doenças.
·         Atenção de Média Complexidade: Referente a Urgência e emergência, ao atendimento que requer profissionais especializados e ao atendimento ambulatorial e suas pequenas cirurgias. Nela muito dos procedimentos são eletivos.
·         Atenção de Alta Complexidade: é a atenção que exige uma maior especialização dos profissionais, bem como uma maior estruturação do local de atendimento e, consequentemente, mais custos ao Estado. São as cirurgias, internações,  tratamentos oncológicos, transplantes de órgão, entre outros, e normalmente se encontra em grandes centros hospitalares.
Vamos esclarecer melhor isso com os seguintes casos:
Érica, 32 anos, há dois anos era acompanhada no Posto de saúde próximo à sua casa por Dr. Assis. Frequentemente se  queixava de febre, dor no corpo, mal estar. Por muitos anos, Dr. Assis diagnósticou esses males como viroses ou resfriados. No último ano, ao pedir seus exames periódicos, Érica apresentou suas taxas no exame de Lipidrograma  Total elevadas (exame da Modalidade A, embora pertencente à Mèdia complexidade e realizados em Laboratórios do Tipo I – ver post anterior). Mais recentemente, embora com alimentação mais regrada, Érica veio ao Dr. Assis queixando-se de Dores no estômago e nas articulações. Após uma endoscopia com resultado positivo para úlcera na mulcosa gástrica, e passar a levar em consideração como sintoma o rubor da pele clara de Érica, Dr. Assis pediu alguns exames de anticorpos (Exames de Modalidade C pertencentes à Média Complexidade e realizadas em laboratórios do tipo III). Ao receber o resultado dos exames e verificar às alterações, Dr. Assis encaminhou Érica à uma unidade de Média Complexidade onde ela passaria a ser acompanhada por um Reumatologista sob suspeita de Lúpus.

Flávio, 17 anos, chegou acompanhado da mãe em uma unidade de emergência, unidade de média complexidade, a cinco dias apresentava febre alta, dores no corpo, vômitos, que foi confundido pela mãe com uma forte virose. Naquela tarde em que foi à emergência, havia apresentado tontura e desmaiado. O médico de plantão verificou uma desidratação e passou a administrar soro em Flávio, durante o exame físico, Flávio desfaleceu novamente e o médico verificou uma grande queda de pressão, com ações tomadas no ímpeto que o momento exigia, a pressão foi estabilizada e exames sorológicos para dengue foram pedidos (Exame de Grupo A realizado em laboratório tipo I na média complexidade) e exames de Contagem plaquetária. Antes mesmo de sair os resultados dos exames, Flávio passou a integrar a Alta complexidade do SUS ao ser internado em uma UTI. Durante a noite, Flávio apresentou inquietação, palidez e uma nova queda de pressão e, apesar da administração de plaquetas pela equipe médica, ao anoitecer Flávio entrou em Síndrome de choque da Dengue. Na manhã do dia seguinte, já não integrava mais algum nível de complexidade no SUS, era mais um nas estatísticas.

Georgia, 47 anos, sexualmente ativa, sem parceiro fixo,  frequentadora pouco assídua das consultas ao Ginecologista (pertencente à média complexidade), resolveu, por muita pressão da amiga e de um sangramento vaginal incomum, ir fazer sua prevenção no Hospital da Mulher de sua cidade. Após colhimento de material e envio para um exame histopatológico (Modalidade A, Laboratório tipo I). Georgia recebeu o baque de possuir a quarta maior causa de mortes femininas por doenças: Câncer de Colo do ùtero. Imediatamente, Georgia foi encaminhada à um Oncologista, pertendente à média complexidade, e teve seu tratamento e acompanhamento realizado por ele na Alta complexidade, devido aos altos custo que as drogas anticâncer têm. Georgia não ficou desamparada, teve o apoio da família, de amigos e do SUS, que ofereceu-lhe um psicólogo para acompanhamento.


Espero que com essas ilustrações tenha ficado claro a relação que há entre os diferentes niveis de complexidade no SUS e como, embora pertençam a níveis diferentes, os exames podem ser pedidos a qualquer momento, a fim de chegar ao diagnóstico e realocar o paciente dentro do sistema de saúde para onde ele pode ser melhor tratado.